Micro de Marca ou Micro Montado?
O que comprar?
Eu não estou aqui para defender a IBM, Dell ou HP nem detonar com os micros montados com peças avulsas. Preciso que você tente se colocar numa postura tão imparcial quanto possível e tenha mente aberta daqui para frente.
Ao comprar um aparelho de TV você vai até uma loja e escolhe um modelo pronto, de um fabricante conhecido e que ofereça boa garantia ou procura uma loja de eletrônica, compra as peças e pede para alguem montar? A menos que você goste muito de eletrônica, sistemas de televisão e queira que sua TV tenha uma característica que nenhuma TV industrializada oferece, certamente você escolherá uma TV pronta, montada por uma indústria que seja sinônimo de qualidade.
Embora você possa ter adquirido a TV industrializada por afinidade com a marca, muito provavelmente você levou em conta algumas características na hora de tomar a decisão: tempo de garantia, baixa ocorrência de defeitos e conserto rápido dos problemas, preferencialmente na sua casa para não ter que carregar 30 ou
Pra início de conversa eu já fui, no passado, um amante dos micros montados. Era ótimo ir até o Rio Infoshopping - que infelizmente já não está mais entre nós - no Largo do Machado ou visitar pequenas salas comerciais em Copacabana para comprar placa mãe, disco rígido, memórias e unidades de disquete. Era só levar tudo pra casa e passar o resto do dia montando um ótimo micro, para vendê-lo ou para usar. Numa época em que ter um computador já era diferente, montar seu próprio micro era o máximo. Não havia muitas lojas especializadas, mas as poucas que existiam - a maioria já faliu - eram excelentes e em geral você era atendido por especialistas que sabiam falar a sua língua.
Os anos se passaram e ficou mais fácil comprar peças para montar o próprio micro. Os preços caíram e oferta aumentou consideravelmente. Mas, junto com a popularização desse mercado, os especialistas sumiram de trás do balcão e a qualidade dos micros montados caiu bastante. Não estou generalizando. Ainda existem bons micros montados sendo vendidos no mercado, mas há uma escassez de especialistas que saibam vender adequadamente e, principalmente, um excesso de “micreiros” que dizem saber tudo na hora de montar um PC.
O resultado disso são micros montados com peças de baixa qualidade, peças que são incompatíveis entre si ou com algum software, softwares piratas e que principalmente não vêm acompanhados de uma garantia satisfatória (algumas lojas dão apenas 30 dias!). Além disso, é comum casos de travamento por aquecimento exagerado ou configuração inadequada de hardware ou software. Sem falar na falta de suporte adequado ao usuário final, que muitas vezes depende de um sobrinho “fera da informática” disposto a ajudá-lo. Entretanto, tenho que admitir que esses micros realmente são baratos. Só que o barato pode sair caro, como veremos adiante.
Reparei como o preço do micro de marca está acessível ao usuário doméstico. Se no passado ter um micro de marca dependia da boa vontade (especialmente da Compaq e da Apple) de lançar promoções bombásticas, hoje em dia já não depende mais. A concorrência pelo mercado doméstico chegou pra valer e podemos constatar isso com a redução dos preços.
O meu preconceito contra os micros de marca começou a cair a seis anos atrás, quando passei a trabalhar exclusivamente com soluções para o mercado corporativo. Com a experiência foi fácil perceber que no mercado corporativo o micro é exclusivamente uma ferramenta de trabalho e em muitos casos é a fonte de geração de dinheiro para empresa.
Em primeiro lugar isso quer dizer que os micros devem apresentar o menor número de defeitos possível e, em caso de defeito, o tempo parado deve ser pequeno. Além disso, ele deve durar bastante. Pelo menos tempo suficiente para cobrir o investimento que a empresa fez nele e ainda dar lucro. O investimento também não se limita ao micro em si. É necessário levar em conta licenças de software, suporte técnico e peças sobressalentes para reduzir o tempo do micro parado por conta de um defeito.
Assim como o micro já é encarado pelas empresas como uma ferramenta de trabalho e geração de dinheiro há muitos anos, é possível perceber que muitos usuários domésticos já encaram o computador da mesma maneira.
E já que o usuário doméstico já encara o micro como uma ferramenta de trabalho, porque não trazes algumas análises tipicamente corporativas para o mercado doméstico? A médio prazo o preço pago por um micro montado, especialmente se for de baixa qualidade, muitas vezes ultrapassa o preço de um micro de marca de qualidade e que causaria menos dor de cabeça.
Fonte de consulta: Clube do Hardware